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A vida sem CHEIROS não tem cor nem amor...;)
As coisas que os heróis de outros tempos nos podem arranjar...
Mas o que me traz aqui preocupada hoje foi que recebi um e-mail dum leitor curioso e muito simpático simplesmente a perguntar-me “ó Ramo de Cheiros, com o “peso” (até me faz andar curvada) dos anos e com a sua sabedoria, (sim por isto nota-se a léguas que eu sou uma mulher sábia) explique-me lá se a culpa da falta de romantismo é dos homens ou culpa das mulheres?
E não é que esta mensagem “inocente” dum tal Pedro me pôs para aqui a pensar sobre um assunto que de prático não tem nada. Para já o facto de ser um homem a perguntar-me tem tudo a ver... Porque se fosse uma mulher nem sequer se dava ao trabalho. De fazer tal pergunta, claro já sabe a resposta. Ora mas seja como for dou comigo aqui a pensar se a culpa é nossa ou é deles..
E a pergunta que se impõe é:
” Existem homens românticos à moda antiga nos dias de hoje? do tipo que envia flores, que seja um cavalheiro, que nos leva ( ou ele próprio prepare) um jantar à luz de velas, daqueles homens que abrem a porta do carro, mandavam caixinha de bombons?..(coisa de pouco romantismo porque eu detesto chocolate) homens românticos, onde estão vocês?
Será que ainda existem? Ainda existem homens assim neste mundo? Claro que sim, existem nos filmes…!
E Hoje em dia será que as mulheres ainda gostam do romantismo à moda antiga ou abrir a porta do carro para elas já está ultrapassado?
Eu pessoalmente acho muito importante o romantismo e não vivo sem ele.
Aqui há uns tempos atrás o meu mais que tudo que é uma jóia de rapaz não desfazendo e um romântico incurável (senão tirem vocês mesmo as suas próprias conclusões) convidou-me para jantar fora,."- Vem jantar comigo ao (.... ) hoje apetece-me beber um copo e conversar um bocadinho)"E como em questão de horários as coisas estavam complicadas, achou por bem marcarmos no restaurante.
Bom até aqui nada a assinalar... Favorecia a ambos. Lá me produzi toda de forma a ficar bela e airosa, sim porque um convite do meu mais que tudo, assim “por toma lá quela palha” não acontece todos os dias. E ele estava tão querido ao telefone...
Já o imaginava à minha espera com um ramo de rosas vermelhas e quiçá uma musiquinha ambiente que mandou colocar em minha homenagem...
Só filmes!!!
Ele foi cabelos, unhas, escolhi um vestido sexy (porque meu caro Pedro, o peso por enquanto ainda é só na idade) e lá fui eu em cima de uns saltos agulha que ninguém diria que não eram uma extensão das minhas próprias pernas belas firmes e esguias. A noite começou a correr mal, mal sai do carro...
Que um dos saltos se me enfiou num daqueles espaços que há entre as pedras dos passeios à portuguesa. Aqui entre nós, o homem que inventou este tipo de calçada não devia ter mulher em casa porque senão quem levava com um salto na testa, mas enfim..!
Lá entro eu restaurante dentro em equilíbrio porque o meu tornozelo nesse momento já começava a dar sinais de si....e estava-me cá a parecer que em menos de nada se formaria uma batata e não seria das pequenas... E a correr o risco que ficasse ligeiramente roxo (a ver pela dor que já sentia) e é uma cor que não combina nada com o vestido preto que eu tinha escolhido para levar ao jantar!
A segunda surpresa não tardou a chegar... Depois dos cumprimentos habituais, "- A tua irmã e o teu cunhado devem estar a chegar... Eles vêm jantar connosco."
Conclusão foi uma noite animada e nada romântica.... Resta-me dizer que a minha sorte foi que apareceu por lá aquele tipo que é como “Deus” está em todo o lado... “Ké Frô” ,“Ké Frô” e lá me safei com uma rosa meio murcha... Se não fosse isso flores nem vê-las.
Brincadeiras à parte, romantismo é essencial numa relação! E ai de mim se discordar disso!
Na verdade a opinião varia de mulher para mulher e há aquelas que não têm nem opinião formada sobre sobre o assunto.
Mas se o homem é muito cavalheiro, pode ser sendo taxado de meloso, carente ou antiquado mas se ele não é romântico, então é um grosseirão e insensível. Eu como mulher concluo que o romantismo nunca é demais e que em alguns pontos o homem perdeu o romantismo porque as mulheres ajudaram um bocado. A dura realidade é que nas relações: as pessoas estão a economizando as energias na conquista. Agora, primeiro beijam-se depois as pessoas “andam” ’(como dizem os putos ) e depois é iniciada uma conversa, quando à conversa... De repente, percebem que aquela outra pessoa não tem nada, absolutamente, nada a ver elas... Termina-se um relacionamento e vem outro, outro e outro... É o que baptizo como a futilidade das relações.
E agora pergunto, onde foi parar o romantismo?
É cada vez mais raro um homem mandar flores para uma mulher mas também se está a tornar um hábito a mulher desvalorizar-se durante uma "conquista",hoje é tudo muito facil...
Certo, eu posso ser ultrapassada, antiquada ou outros adjectivos que consigam encontrar... Mas ainda acredito que existem diferenças entre homens e mulheres que não valorizam e tornam únicas e especial.
Sim, porque seja lá que mulher for, casada,divorciada, solteira, viúva, amigada, etc etc, salvo raras excepções... Sim, eu já vi de tudo... Nós mulheres ainda ainda acreditamos que "fazer amor" envolve amor emoção, somos umas românticas ....Já os homens encaram o sexo por sexo com muita naturalidade. O homem começa a ficar mal acostumado passa uma “conversa” de quinta categoria e a mulher cair na lábia, não porque é parva, mas porque simplesmente acha que a emancipação da mulher permite tudo.... Bom eu acho que o sexo que é uma coisa bonita hoje está banalizado e vulgarizado, já não tem romantismo a bem dizer nenhum.E lá se está a perder o o brilho do romantismo e a distanciar-nos, cada vez mais, do amor.
Acredita-se que está cada vez mais raro encontrar um homem que seja realmente romântico, que valorize de verdade sua companheira. E mulheres românticas, ainda existem muitas?
Claro que sim:) É lógico que o homem romântico não é perfeito, como nenhuma mulher é perfeita. Num relacionamento as pessoas vão encontrar diferenças, mas só vai ser duradouro se as duas partes souberem lidar com as diferenças. O que todos queremos homens ou mulheres dos mais durões aos mais lamechas é ser amados incondicionalmente e com muito romantismo de parte a parte
Dito isto, meu caro leitor Pedro digo-lhe já que acho que o romantismo está em falta de ambos os lados. Por isso meu caro escute bem o que lhe digo! Esqueça lá essa coisa de culpas, se é do homem ou da mulher...
Que isso é bom para passar o tempo mas não dá anos de vida a ninguém, muito pelo contrário! Faça assim, arranje uma mulher que seja paciente. Se achar que ela tem pinta de mãe e que até tem alguns dotes domésticos (coisa rara hoje em dia) não a perca de vista... Agarre-se a ela mesmo que não seja assim das mais atraentes até porque a beleza física não é tudo, desvanece e muito rapidamente. Não há como as preocupações conjugais para nos deixarem com má cara. Seja pratico, caro leitor, e não pense nessas questões de culpa nossas ou vossa..
Escolha com cabeça, olhe que não sei se mais vale uma mulher pouco romântica que lhe trate da lida da casa e das crianças do que uma muito romântica que o tire do sério e lhe dê tesão porque essas coisas com o tempo passam, e muito mais rapidamente do que se julga, e ou o meu caro amigo se renova na relação ou depois é que são elas!!! E não me venha depois culpar por isso...
Até porque já perdi um bocado de tempo à conta do romantismo..
Coragem charme e romantismo...ponham os olhos neles, senhores... E inspirem-se!
São qualidades que fazem falta aos homens do nosso tempo, mas que as nossas figuras históricas tinham para dar e vender!
"Humor histórico"
Está bem que os tempos eram outros : mas há virtudes que ainda se podiam aproveitar. Procurando nas brumas da memória, os homens portugueses de hoje podiam ser....
Decididos como D.Afonso Henriques.
Prontos, não era marido que fizesse muito jeito em casa : praticamente só vinha ao castelo para fazer um infante, e sendo que D. Mafalda, que era “saboiana”não devia falar uma palavra de portugueses conversa também não devia ser intelectual. O primeiro worlaholic conhecido em terras lusas era dedicado ao seu trabalho e incansável no que toca a cortar cabeças aos mouros.
Lição a aprender:
Os portugueses que andam por ai curvadinhos e magricelas, que não tem um musculo em cima das costas, que passam a vida a queixar-se de dores nas perninhas nas costinhas, de enxaquecas e arranhões no dedo,” ai não posso comer isto que sou alérgico a alface” que apanham uma gripe e já tem febre amarela, deviam aprender a endireitar a espinhela botar a armadura nos costados, ferver o azeite (biológico) e ir-se aos mouros (no sentido figurado). Também não lhe ficava mal declararem independência da mãezinha. Também não é preciso chegar ao extremo de a por a ferros e exigir o reconhecimento do reino de Odivelas, mas homem que é homem é rei da sua própria alma.
Charmosos como Camões
Desculpem lá, mas se um homem só com um olho conseguiu tanta namorada, algum encanto deve ter... É verdade que segundo a lenda, preferiu salvar o livro a salvar uma mulher, mas também é verdade que devia ter sido a conclusão lógica: “ela mais ano menos ano vai desta para melhor, e o livro daqui a 500 anos ainda há-de dar cabo da cabeça aos miúdos”
De qualquer maneira, qual é o homem hoje que é viajado, interessado, culto, imaginativo, curioso e bom conversador?
Lição a aprender:
Como afirmou Raul Solnado, o mal dos portugueses é que todos querem ser Camões, mas ninguém quer ser zarolho. É verdade que não tinha um olho; mas perdeu-o por uma boa causa, batendo-se em duelo pela mulher da sua vida (pelo menos da sua vida na altura).É verdade que também não queríamos que eles andassem por ai a perder os olhos por nossa causa, mas podiam dizer-nos que éramos a mulher da vida deles, mesmo que já estivessem de olho em mais duas ou três Catarinas que não nós.
Ambientalistas como D.Dinis.
Ambientalista e versejador: que mais se pode querer? É verdade que não era o mais fiel dos maridos, que não era um grande apreciador de rosas mas nenhum homem que é homem é grande apreciador de flores, eles gostam é de plantas carnívoras da amazónia) e que era demasiado apreciador da marmelada conventual, mas não se põe ter tudo...
Lição a aprender:
Portugueses aprendam a fazer poesia como deve ser, ainda por cima, nós não somos exigentes, se nos aparecerem com um manjerico e uma quadra ao S.Antonio já ficamos todas satisfeitas. Também não exigimos que ponham a sachola ao ombro e vão plantar um pinhal em nossa honra, mas se se lembrarem de regar as plantas e não deitarem as beatas no vaso, e se reciclarem as garrafas de cerveja , não pedimos mais.
Românticos como D.Pedro.
É verdade que era um bocadinho dado à cabidela. É verdade que a maioria de nós preferia um namoro mais calmo, e também é verdade que, a sermos rainhas, referíamos sê-lo enquanto ainda estivéssemos vivas, de modo a apreciar melhor a sensação. Claro que não dava jeito nenhum ter um sogro do pior como D.Afonso IV ,que o melhor que arranjou para dar as boas vindas à nora foi “anda cá, deixa-me dar-te umas facadinhas por interpostos esfaqueados” Mas, enfim,não se pode dizer que D.Pedro não soubesse o que queria ou que ficasse à espera sentadinho a ver o que acontecia.
Lição a aprender:
Já que vão ser namorados/amantes/maridos/pretendentes, façam-no em termos: sejam impetuosos! Decididos! Lutem pelo que querem! Em vez de ficarem a babar-se em silêncio e a olhar para a mulher da vossa vida com ar de carneiro mal morto e escrever-lhes odes em segredo durante quatro anos, enquanto ela trabalha na secretaria ao lado da vossa, declarem-se! Homem que é homem já levou mais tampas que uma garrafa de agua reciclada.
Bons pais como D.João I
Foi dos poucos reis portugueses que foi fiel à mulher. Claro que o facto de D. Filipa ser inglesa também deve ter tido qualquer coisa a ver com o facto, dado que não é impunemente que se trai uma inglesa, mas fosse como fosse, deu um excelente pai.
Lição a aprender:
Em vez de andarem por ai a dizer que precisam de tempo para se decidirem e só aos 83 é que decidem ser pais, os homens portugueses podiam seguir o exemplo do nosso rei mais sensato e dedicarem-se a criar uma família que se possa apresentar a alguém. Duvida-se que D.João I mudasse as fraldas a D. Pedro e que se levantasse de noite para por a chupeta a D. Henrique, mas a verdade é que, hoje em dia, qual é o pai que se pode gabar de ter dado ao mundo uma inclita geração?
Corajosos como Bartolomeu Dias.
Atravessou o cabo da boa esperança(até ai conhecido pelo pouco animador nome cabo das tormentas) num barquinho casca de nóz,numa tempestade de morrer e com uma horda de marinheiros amotinados, todos a quererem voltar para casa. Palavras para quê? Já não se fazem homens assim.
Lição a aprender:
Claro que nem toda a gente nasce com estofo de herói. Muitas vezes conseguir levantar-se da cama, deixar as crianças na escola com os atacadores apertados e chegar mais ou menos intacto ao trabalho já é heroísmo suficiente. Mas também se podiam esforçar um bocadinho: agora que já todos os cabos das tormentas foram atravessados, ainda tem a boa esperança de acreditar que, qualquer dia, os homens portugueses sejam suficientemente corajosos para tomarem conta de um bebé, fazerem o jantar de vez em quando, lavarem a loiça se for preciso, e não pensarem neles próprios em primeiro lugar.
(Fonte:Activa)
C.F