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País dos quatro F´s

por R.Cheiros, em 21.06.09

Somos um país patético ou com poucos interesses?
O noticiário da manhã começa com futebol, Cristiano Ronaldo
Ao almoço, futebol, Cristiano Ronaldo aterra no aeródromo de tires em voo particular
Ao jantar, futebol, Cristiano Ronaldo estas de férias no Algarve em vale de lobos e ainda não foi visto… mais desenvolvimentos até ao final deste jornal..


Três canais generalistas mais dois só de notícias e todos sem excepção batem na mesma tecla.

Pergunto-me : não temos nada mais interessante para noticiar?
Estamos realmente mais interessados  na vida do Cristiano Ronaldo  (futebol) do que em notícias que façam parte da nossa realidade e com conteúdo?


A quem é que interessa as férias de Cristiano Ronaldo..? se as passa no Algarve ou na baixa da banheira..

Eu gosto muito de futebol, mas pelo amor da santa tenham dó..


Portugal  o país dos quatro F´s
F de Fátima, cada dia com mais adeptos   á espera de um milagre para a crise
F de Fado, a vida está a tornar-se para alguns o "fado" do desgraçadinho ..

F de Futebol, os Portugueses tentam esquecer dos  problemas com o futebol 
F   de fodidos se continuamos a pensar assim..!!


Não é por nada,  mas..
O bailarino português Marcelino Sambé, de 15 anos, venceu na quinta-feira o Concurso Internacional de Ballet de Moscovo,
Nem só de futebol vive o homem..
 

publicado às 21:02

No meu tempo...
 Ele pensou  nessa frase,... O começo do discurso sobre comportamentos que desfiou para o filho, horas antes de sair de casa.
Estava a conduzir  a caminho do trabalho quando, parado no sinal vermelho, observou  um grupo de jovens adolescentes que atravessava a rua.  Rapazes  com as calças largas, um número bem maior que o corpo pedia , descidas, mostravam  as cuecas e raparigas  com as calças tão apertadas que pareciam não conseguir respirar, no mínimo um numero  a baixo, deformavam  o corpo ainda em formação.
 
Bem, esse, por certo, era é o  tempo deles...
 O tempo do “por que não...?”, sem entoação de pergunta e sim de uma afirmativa categórica.
 De fato, no tempo "dele" , esse “porque não!!!”, era a resposta e também o ponto final.
 
Constatou então, que a gramática havia mudado e nesta nova, os pingos nos “is” caíram, de vez, em desuso.
Lembrou da conversa  que tivera com o filho naquela manhã. Enquanto falava sobre o mau comportamento dele na escola e em família, o garoto expressava-se com monossílabos ou vocábulos em inglês.
 
Sentiu-se como numa   sala de conversas (chat) da internet. Com a sensasão de já  ter ultrapassando o número de letras permitido, onde já não adiantava insistir na mesma tecla.
Lá ia o seu filho, mochila as costas, pedaço de pão na mão, com um "anel" no  nariz   a "digitar" no ar um grande “FUI!” ...Como que a  bloquear o acesso a visitantes indesejável.
 
Ficou travado, no ecran  daquela cena, até então. Era como se o cursor do rato  estivesse congelado na sua cabeça. Deu-se conta que repetiu a mesma frase que o pai lhe dissera há tantos anos atrás:
“No meu tempo era assim e não assado”.
 
E uma sensação de impotência instalou-se-lhe   na  alma. Acaso não tenho  mais  tempo?
Então onde o perdi?
Só podia tê-lo perdido... pois não o vi terminar!
O que faz o tempo do "meu " filho não ser o "meu" também? Afinal, só havera  realmente, um tempo na vida? O tempo dos jovens?
 
Quando ele dizia: “no meu tempo”, parece que, automaticamente, um botão o tirava de circulação, limitando-o a um tempo que já se passara há muito... Mas, ao levar  a mão ao peito, o que era aquilo que ainda reconhecia a pulsar? e a pontada de expectativa diante do que tinha por viver?
Dos sonhos que ainda não haviam se tornado realidade... Dos planos esboçados num guardanapo  de papel  no café da manhã, ainda à pouco...
 
Aqueles jovens que atrevessavam  a rua carregavam a mesma atitude que um dia tivera. Um olhar indiferente para os adultos há  sua volta. Um ritmo novo no andar, como se afrontassem o silêncio dos comedidos, com seus passos sem pressa de chegar.
 
Talvez por que chegar não fosse tão interessante quanto era o passeio... Isto "ele" lembrava-se de  ter sentido, mesmo que não concebesse que o tinha  sentido na época. Mas agora, sob a calvície adquirida pela idade, de homem que vive a correr  atrás do futuro e deixa o presente sempre no passado, o pensamento naquela sensação quase a trouxe de volta e por pouco não deixou o carro para seguir a pé...É  que  o  que o acorrentava àquele banco era, talvez por ironia do universo  o tempo. ..
Esse roteiro pontual da vida que nos põe adiante.
 
Sinal verde. Era hora de cumprir o tempo. Viu os adolescentes desaparecerem , no outro lado do passeio , no meio do ir e vir dos transeuntes e assentiu para si mesmo em concordância com o fato de que eles também precisavam seguir, mesmo sem perceberem que a alegria era trilhar o destino e não tê-lo prontinho na próxima parada.
 
Alguns minutos depois, chegou no escritório de contabilidade onde trabalhava.
Olhou o "tempo" na parede, estava na hora: deu o bom-dia de todos os  dias. Retomou o trabalho de tantos dias. Recebeu a incumbência do dia. Tomou o segundo café do   dia. Meio-dia comeu o prato do dia. Fim do dia deixou tudo em dia e  preparou-se para retornar a  casa que comprara um dia a prestações, que  se estendem até hoje , mas que são debitadas na  sua conta, automaticamente, no dia do vencimento. .
 
Então, como um balde de água fria, despertou  de todo o cansaço do expediente, enquanto procurava pelas chaves do carro, no estacionamento da empresa, chegou á conclusão   de que seu tempo não havia acabado.
A cada dia, ele estava lá a construir  o dia seguinte, possibilitando o amanhecer. Por que então aquele tempo não era seu?
Quem de fato o fazia acontecer?
Sorriu ... E ainda a sorrir  seguiu para casa, sem pressa, sem horas.. conduzia  o carro no tempo que agora voltara a ser dele.

 

O passado fugiu, o que esperas está ausente, mas o presente é teu. O teu tempo... Vive-o
(Provérbio árabe)

 

Miguel ,gracias

publicado às 21:30

 Era uma vez uma criancinha!!!!

A criancinha quer a Playstation. A gente dá.


A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.


A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.

 

A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas . A gente olha para o lado e ela incha.


A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.


A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.


A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.


Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.Desperta.


É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.


A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.


A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.


A DEVIDA COMÉDIA
Miguel Carvalho
A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência
meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em
sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são
«uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha
que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica
traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal.
Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as
criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter
do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem
dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho
sou eu».
A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na
casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas
ao menos não anda para aí a fazer porcarias».
Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas,
das famílias no fio da navalha?
Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao
hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos
congressos e debates para nos entretermos.


(O texto a cima é um artigo publicado na visão online.)

 

...E porque a brincar se podem falar de coisas serias..

É a face mais escondida da violência doméstica: as agressões de filhos contra pais continuam a aumentar em Portugal,


Cada vez mais, idosos procuram o  médico de família para tratar hematomas e desabafar sobre o que os filhos lhes fazem. Pais e mães aterrorizados pela violência que os seus filhos exerciam em casa.
As vítimas por seu lado hesitam, devido há vergonhas que sentem por denunciar os seus próprios filhos e também sabê-los capazes de o voltar a fazer.

 Quando os pais recorrem à justiça para tentar conter o filho, a situação já é muito desesperada.

Em 2007, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) recebeu 390 denúncias de pais contra os filhos O número de queixas subiu 12 por cento em relação ao ano anterior, em que o total era de 349.

Os actos agressivos de jovens com idades entre 18 e 25 anos já representam 20 por cento do total das denúncias registadas pela APAV.

Manuel, o jovem de 15 anos que disparou contra a mãe e o tio, em Vila Meã. “O meu neto é mau e violento”
Maria Manuela Moura decidiu pôr fim a anos e anos de violência do filho único
:"Violência durou 17 anos"


 

publicado às 09:45


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