Ramo de Cheiros

Sabem aqueles momentos em que nos sentamos e olhamos o  horizonte? Respiramos   profundamente... De repente  fazemos  contacto com nós mesmos . Sim, contacto! Nunca vós aconteceu?
Já pararam para pensar no significado da palavra contacto? Esses momentos não são tão comuns como se poderia imaginar. Na verdade arrisco-me a dizer que estes momentos estão em vias de extinção.
 
Ouve-se muito por ai essa conversa de que o ser humano moderno anda  distanciando do próximo, perdeu valores e princípios básicos, que as novas gerações tendem a desenvolver um tipo de  resistência a laços e afectos a desvalorizar o seu semelham-te, que se recusa a uma  reflexão da vida globalizada e capitalista. Talvez sim, mas não será esse um discurso de quem não se "vê" não se olha verdadeiramente a si próprio  mais há muito tempo?

De quem não sabe qual foi a última vez em que se deixou” ser” a si mesmo?

Depois de uma semana interessante e inesperada aconteceu um facto que me fez parar.. Um momento de contacto comigo mesmo, assim tipo quando cair a ficha, sabem como é?
Analisamos ponto por ponto, e descobrimos que tudo estive ali o tempo inteiro, dentro de nós, mas não conseguíssemos ver? Pois é. ..
 
Há um “quê “em cada um de nós.“De onde viemos e para onde vamos”
“Quem sou eu”...?

Sou a leal a honesta a desinteressada? Não.... Se me olhar com olhos de ver, se for sincera... Não!

Temos tendência a olharmo-nos superficialmente, só a capa.... E por isso não somos tão honestos quanto imaginamos ser. Não somos tão leais como pensamos e somos mais egoístas do que podemos assumir.

Por quê? Pois não sei...!!
A sociedade parece que faz questão de nós transformar em “clones” cópias uns dos outros... E eu detesto cópias.

Eu abomino pessoas boazinhas, perfeitinhas, honestíssimas... Parem lá para pensar...Não existem súper heróis, todos temos defeitos! A modéstia fica-nos muito bem, mas cuidado é muito ténue a linha ...! Modéstia de mais é vaidade.

E como um dia disse Miguel Torga:
Levem a vida a serio sem se levarem a vocês mesmos muito a serio.

Vá se lá saber porque, associei esta letra dos GNR ao post:)

Adoro o campo as arvores e as flores
Jarros e perpétuos amores
Que fiquem perto da esplanada de um bar
Pássaros estúpidos a esvoaçar
Adoro as pulgas dos cães
Todos os bichos do mato
O riso das crianças dos outros
Cágados de pernas para o ar

Efectivamente escuto as conversas
Importantes ou ambíguas
Aparentemente sem moralizar

Adoro as pêgas e os padrastos que passam
Finjo nem reparar
Na atitude tão clara e tão óbvia
De quem anda a engan(t)ar
Adoro esses ratos de esgoto
Que disfarçam ao pilar
Como se fossem mafiosos convictos
Habituados a controlar

Efectivamente gosto de aparência
Imponente ou inequívoca
Aparentemente sem moralizar

A minha geração é a primeira que cresceu a acreditar que qualquer problema (uma gripe  , um abandono ,dois quilos a mais, a iminência de um exame ) pode ser resolvido   com drogas legais( Paracetamol . prozac  ,xanax ,centraminas ) uma geração com o cérebro  lavado por uma imensa industria farmacêutica .

...

O êxito do medicamento já não resiste na cura ou não cura , é mais a capacidade que tem de persuadir as massas e calar o subconsciente colectivo, lol.

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Ora vejamos...

Deprimes-te ,tomas  Prozaque

Não te entesas ,venha o Viagra

Abandonados ,xanax  para esquecer

Dois quilos a mais  , embora ao xenical

Etc ,etc ,etc

[isto é uma treta pegada]

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Estamos apaixonados pela ciência  e abraçamos de imediato  a pílula milagrosa sem pararmos para pensar  se é ou não a melhor solução.

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Só a titulo de exemplo o Viagra transformou-se no equivalente farmacêutico ao (Titanic)o filme com maiores receitas de bilheteira até hoje.

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Quanto o prozaque foi colocado no mercado milhares de pessoas passaram a consumi-lo , muitas por recomendação de amigos.

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Dizem que foi um medicamento que se tornou moda... E ao fim de alguns meses ,vinham os problemas de insónias ,as depressões relativas as termuras  , é o preço a pagar...

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Mas de um dia par o outro , parece que a depressão está na moda...E aquilo que deveria ser um tratamento especifico para uma doença concreta transformou-se na pastilhinha da felicidade..acompanhava todos os problemas, e o pessoal dava no Prozaque porque a namorada o deixou ou porque não podia com o chefe.

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Com o Viagra idem... O que em principio devia ser utilizado exclusivamente para tratamento de disfunções erécteis (porque os efeitos secundários são altamente perigosos) ,acaba por ser utilizado como via para a consumação do rendimento sexual perfeito.

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É isto que nos é exigido nesta sociedade aterradoramente  uniformizada?

Espero que não.