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 Era uma vez uma criancinha!!!!

A criancinha quer a Playstation. A gente dá.


A criancinha quer estrangular o gato. A gente deixa.


A criancinha berra porque não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de chocolate.

 

A criancinha quer bife e batatas fritas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas . A gente olha para o lado e ela incha.


A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente.


A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.


A criancinha desata num berreiro no restaurante. A gente faz de conta e o berreiro continua.


Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.Desperta.


É então que a criancinha, já mais crescida, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares.


A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la porque ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada.


A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à maneira.


A DEVIDA COMÉDIA
Miguel Carvalho
A criancinha, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de independência
meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em
sentido, suja e não lava, come e não limpa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são
«uma seca».
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha
que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A criancinha, já crescidinha, fica
traumatizada. Sente-se vítima de violência verbal e etc e tal.
Em casa, faz queixinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arrepiados com a violência sobre as
criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter
do ordenado em folias de hipermercado, correm para a escola e espetam duas bofetadas bem
dadas no professor «que não tem nada que se armar em paizinho, pois quem sabe do meu filho
sou eu».
A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na
casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas
ao menos não anda para aí a fazer porcarias».
Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas problemáticas,
das famílias no fio da navalha?
Pois não, bem sei. Estou apenas a antecipar-me. Um dia destes, vão ser os paizinhos a ir parar ao
hospital com um pontapé e um murro das criancinhas no olho esquerdo. E então teremos muitos
congressos e debates para nos entretermos.


(O texto a cima é um artigo publicado na visão online.)

 

...E porque a brincar se podem falar de coisas serias..

É a face mais escondida da violência doméstica: as agressões de filhos contra pais continuam a aumentar em Portugal,


Cada vez mais, idosos procuram o  médico de família para tratar hematomas e desabafar sobre o que os filhos lhes fazem. Pais e mães aterrorizados pela violência que os seus filhos exerciam em casa.
As vítimas por seu lado hesitam, devido há vergonhas que sentem por denunciar os seus próprios filhos e também sabê-los capazes de o voltar a fazer.

 Quando os pais recorrem à justiça para tentar conter o filho, a situação já é muito desesperada.

Em 2007, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) recebeu 390 denúncias de pais contra os filhos O número de queixas subiu 12 por cento em relação ao ano anterior, em que o total era de 349.

Os actos agressivos de jovens com idades entre 18 e 25 anos já representam 20 por cento do total das denúncias registadas pela APAV.

Manuel, o jovem de 15 anos que disparou contra a mãe e o tio, em Vila Meã. “O meu neto é mau e violento”
Maria Manuela Moura decidiu pôr fim a anos e anos de violência do filho único
:"Violência durou 17 anos"


 

publicado às 09:45


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