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Sacerdotes, Freiras e Sexo

por R.Cheiros, em 06.01.09

 Sim, foi exactamente o que leu! Poderia ser o nome de um filme, talvez o seguidor do ‘Instinto Fatal’ ou do ‘Nove Semanas e Meia’, mas a realidade nada tem a ver com os jogos de prazer que neles assistimos.

 

A realidade pecaminosa da Igreja é bem negra, tão negra como os casos que todos os dias saltam à vista do comum cidadão acerca de violações. As violações chegaram também ao mundo da fé, do pecado, do pudor disfarçado e da pseudo castidade. Desde o início dos anos 90 que são conhecidos casos de padres que violam as freiras. Fazem-no porque, imagine-se, têm receio de ir às prostitutas e serem contaminados com Sida. Mas, não era a igreja, ou será que isto aconteceu em outra encarnação minha, que tanto condenava o pecado da carne? O sexo antes do casamento? Então e o aborto?

 

Os casos de abusos sexuais são cada vez mais frequentes. As freiras têm estado a ser vítimas dos mais variados abusos sexuais, e muitas delas já chegaram mesmo a ter que fazer abortos. Será a Igreja uma casa de valores morais sagrados ou a sociedade limita-se a imitá-la? Então de quem será o pecado, de nós ou deles? De facto, este tipo de situações é mais uma nódoa negra para a roupagem tão pura e virgem da Igreja. Sim, é natural que os sacerdotes tenham os seus instintos, mas se apelam aos jovens para os combaterem como é que aqueles o fazem? (Talvez seja por isso que 20 freiras tenham aparecido grávidas ao mesmo tempo, julgo que em África). Afinal, a fé não é assim tanta e nem consegue demover os prazeres da carne como a Bíblia, ingenuamente, declara!

 

O mais bizarro em toda esta máscara de fé religiosa, ou melhor carnal, é que todos os actos de violação por parte de padres do mundo inteiro têm estado a ser minimizados. Os altos cargos da Igreja do mundo inteiro acabaram por encontrar alguma situações fora do comum, após investigações, mas nada de maior ou que merecesse uma punição (E a castração não seria uma boa solução?). Decididamente, até a Igreja se deixou corromper por esta vaga de abusos sexuais e violações que têm estado a assolar o mundo. Mas, será que as pessoas não sabem que ‘essas coisas’ devem ser feitas com um consentimento mútuo? (ou será que isso não vem na Bíblia e nem nos manuais do catolicismo?). E, se a vontade é assim tão grande fiquem a saber que existem preservativos! Sim, esses mesmo que dizem ser sinónimo de pecado! Afinal, não eram os representantes de Deus que deviam dar uma conduta moral correcta aos cidadãos, e acabam por fazer exactamente o mais degradante e repugnante que encontramos no mundo sexual? Então, vivam os preservativos, as pílulas e todos os outros métodos contraceptivos!

 

Por isso, e a partir de agora que sabemos que já nem os padres são de confiança, acautele-se! Ir à igreja com umas vestes menos conservadoras, uma mini saia ou um decote bem avantajado, pode ser um atentado à saciedade sexual do Sr. Prior. E, se de repente, enquanto se está a confessar ele a seduz? Aconselhamos também as pessoas mais idosas a terem cuidado, pois os violadores não estão somente nas ruas, mas também nas casas de Deus! E, mais cedo do que julga, podem revelar-se no nosso país, se é que já não se revelaram! Se eles tiverem uma fantasia sexual bem aberrante, daquelas inconcebíveis para a sua formação e educação pessoal, não hesite! É a palavra de Deus que está em jogo, e a ela se deve a máxima fidelidade! Por muito cruel que julguem que possa estar a ser, acreditem que os casos de violência sexual de sacerdotes a freiras e raparigas acabadas de chegar à pratica religiosa ou, devo dizer antes, à prática do sexo, abrange cerca de 23 países do mundo inteiro. E, o que fazer a estes devoradores sexuais? Nada! Nada porque as entidades ou personalidades que tinham autoridade para agir ficam silenciosas e inactivas! Bom para o prazer desses seres repugnantes, mau para as freiras que perderam o descanso e a paz que esperavam encontrar na fé.

 

Qualquer pessoa com o mínimo de bom senso e sensibilidade fica estupefacta, tal como eu fiquei, ao tomar conhecimento de todos estes dados noticiados pelo Diário de Notícias. De início, julguei que podia ser uma brincadeira, de péssimo mau gosto, diga-se de passagem, mas como os seres humanos, padres ou não, têm as suas perturbações psíquicas e disfunções mentais é inevitável pensar que os representantes de Deus não podiam ser excepção. Infelizmente, e ao contrário das situações habituais, o processo e a forma de tratamento destes casos não é punível para os membros da Igreja. Embora seja em África que estes membros, encarregados de espalhar a fé, e um pouco mais, têm mais dificuldade em cumprir o celibato, a situação já atingiu a Europa e muitos outros países. Ao todo recorde-se que são cerca de 23 países! Coisa pouca, sem dúvida, para quem se julgava ser o expoente máximo da moral, conduta viável e boa fé. Pelo menos a intenção era essa, ou perceberíamos nós outra coisa?

 

A comunidade religiosa devia estar de luto, reflectir sobre os ideais que os move e os actos cometidos, não só agora como desde a época em que a crença na fé parecia ser cega. Não só a sociedade precisa de uma nova consciência, como também aqueles que apelam à paz e equilíbrio da mesma. E, como até esses parecem estar um pouco distantes da boa conduta e daquilo que deve ser o respeito pelo ser humano, aconselho a uma reformulação completa da Igreja e dos seus hábitos sexuais. Parece que um filme do género ‘Do Cabaret para o Convento’, que tanta polémica gerou, não é nada comparado com as atrocidades que se verificam pelos caminhos da Fé. Se calhar ‘Do Celibato para a Castração’ tinha mais lógica, mas aí o ideal seria passar do filme para a realidade. Mas isso, julgo eu, que não se vai verificar a quem sabe usar tão bem os desígnios de Deus!

Haja Fé!

 

""Já estou como diz a outra: Vamos lá ver se nos entendemos...!
Este blogue é meu e quem faz as regras sou eu, ok ok posso altera-las ao meu belo prazer, mas é uma das vantagem de ser meu, certo?
Este post é a resposta a um comentário que alguém sem tomates para se identificar resolveu deixar no meu ultimo post. Até ai nada de grave, só não admito estupidez ou falta de educação porque não sou mal-educada com ninguém ou deixei de respeitar seja lá que instituição for.
Ó pá não comentem!! faz-me cá uma diferença do caraças, nem queiram saber... Mas por favor não me entupam o blogue com comentários de merda. ""


Este texto foi escrito por Ana Amante e publicado no espaço mulher

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publicado às 09:00


12 comentários

De Fátima Bento a 06.01.2009

No que diz respeito a religiões, fujo delas desde que tenho idade para o poder fazer. Não mais a católica, mas TODAS. Vá lá, dou um destaquezinho às Testemunhas de Jeová. É uma pedrinha de estimação. Mas respeito as religiões, como respeito todas as correntes de pensamento, só não suporto fundamentalismos...

A minha mãe procurou ansiosamente uma religião que a considerasse iluminada. Por isso corremos todas: a começar na católica, depois foram as TJ, os Protestantes, os Adventistas, os Mormon, a Maná, os Espiritistas, e finalmente, talvez por cansaço, voltou às TJ, já que ali todos os livros que estudam dizem a mesma coisa (mudando o portugês e a ordem dos capitulos) bem como as revistas, que estudam ao fim de semana em reunião com toda a Congregação, e finalmente ela recebe a admiração de alguns por responder a perguntas de quase sim ou não, com retóricas de 20 minutos. Muito erudita, portanto e inteligente, com muitos "irmãos" a vergarem-se à sua inteligência.

A inteligência da minha mãe tem um nome: esquizofrenia.

Deus falava com ela e mandava-a fazer coisas, geralmente psicológicamente desgastantes, humilhantes, e que me destruiram a auto-estima e o sistema nervoso. E embora toda a gente achasse que ela tinha um "feitio especial e dífícil", ninguém nunca fez aquilo que, num país com um sistema judicial decente, já nos tinha atirado a todos (família) para a choldra: forçar uma avaliação médica.

Há pouco tempo, em conversa com a psiquiatra da minha filha, ela passou-me para as mãos os decretos-lei a ser invocados para obrigar à dita avaliação. Compulsiva, se necessário, transportada pela policia.

Mas eu já não remo mais sózinha.

Se está bem para a minha irmã que a mãe viva sózinha e ache (e repita vez após vez) que é uma mártir que deus pôs na terra para sofrer, e que todos - principalmente eu - agimos de forma unicamente a magoá-la, por mim tudo bem.

Se o meu pai vive às escondidas - para que na congregação ninguém perceba - num autêntico pardieiro (que eu já tentei limpar e arrumar duas ou três vezes, mas que passadas 24 horas está na mesma), só para não se sujeitar aos seus monólogos de auto-elogio e de mal-dizer, nomeadamente sobre mim, quem sou eu para me importar.

Dói-me não ter mãe. E dói-me enquanto tive, que ela me fizesse tanto mal, e me tivesse desconstrído pecinha a pecinha. Tem sido uma trabalheira reconstruir tudo. Uma trabalheira e uma trapalhada, porque, como parece que tenho tomado uma larga precentagem de decisões erradas, o marido diz que se há alguém azarado, sou eu.

Só que eu acho que não há azar. Só consequências.

Desculpa a invasão. Religião é um tema que me põe assim...

B'jinhos,

Fátima

De R.Cheiros a 07.01.2009

Olá Fátima

Já li o teu comentário mais do que uma vez, e acredita que é dos poucos ou o único que me deixou a pensar o que te deveria responder. (porque respondo sempre, faz parte das regras da boa educação)

Eu como já disse tenho uma certa dificuldade em lidar com religiões sejam elas quais forem..
Não gosto de nada que seja imposto, acho que as regras ao contrário do que se diz existem para se quebrar. Não aceito que se controla ninguém pela ignorância e pela intolerância Não acredito em duvidantes. E penso que tudo, mas mas tudo tem uma explicação.

Ao longo da minha vida sem pertencer a nenhum já tomei conhecimento de algumas religiões e quanto mais sabia delas mais acreditava em mim e nos valores terrenos.

Da esquizofrenia o único conhecimento que tenho sobre a doença são relatos do meu filho que esteve algum tempo em psiquiatria, mais sei que é uma doença que pode ser controlada.

Concordo contigo quanto aos azares...

Um beijo

Paula

PS: Tens coragem ... Ou não terias feito este relato.

De Fátima Bento a 07.01.2009

Fiquei a pensar na parte do 'ter coragem'... nunca neguei as porcarias que me foram acontecendo, nem tenho assim assuntos black out, ou tabu, sou transparente. No entanto, escuso-me a demasiada exposição no meu blogue. Há muita gente que me conhece e que sabe que o 'dona de casa' é meu, e que o vai seguindo. Inclusive a minha filha não perde um post, e o marido também lê, quando lhe chamo a atenção para algum.

Provávelmente, todas as pessoas a que me refiro aqui conhecem esta e outras estórias que me foram, ainda que de uma forma menos positiva, formando, e transformando na pessoa que sou hoje. Mas mesmo assim, estes relatos do fundo da alma são mais fáceis de deixar num comentário (mas não de um blogue qualquer), de que num post.

Não o sinto como coragem... é assim que eu sou.

Afinal, falar nestas coisas que feriram e deixaram cicatrizes, não deixa de ser uma maneira de encaixar essa "anormalidade" num qualquer patamar de "normalidade", por dissecar e analisar cada camada.

E de certa forma, de me sentir aceite pela sociedade em que estou inserida, mau grado as muitas ocorrências passadas que me marcaram.

O meu marido costuma dizer: "o que tu já passaste, mulher, é uma sorte ainda cá andares."

E é um bocadinho isso.

Obrigado pelo feed back,

Fátima

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